Capitulo 134: Para sempre, Carbink.

   Existem muitas formas de se lidar quando alguém parte da sua vida. Pessoas se afastam, mudam, mas quando o caso é diferente, você se questiona em vão. O quão mais você poderia ter lutado? A culpa é sua? Deveria ficar feliz por tudo que esse alguém deixou? As respostas não vão vir, ele já se foi, já acabou. Deveria ser assim, talvez, mas não é, ou não está sendo.

   Leuri escrevia em seu celular, num aplicativo de notas, mas começava a se perder no texto. As lágrimas caíam e ela não se importava, pensando em tudo que aconteceu. May estava ao seu lado, no quarto da casa de Harley.

Leuri: Seria justo dormir sabendo tudo que aconteceu? — perguntava-se no texto — Dois dias em claro... Eu simplesmente apaguei na cama, e agora me sinto culpada por isso. Você faria alguma piada se estivesse aqui, ia me dar sono contando alguma história, mas... Você não está.

Brendan: Você já acordou — notou, entrando no quarto. Estava sem sua touca, e acompanhado por Diego e Wally.

May: Garotos, agora não é a melhor hora...

Leuri: Não, eu prefiro ficar junto de todos agora — disse, olhando para Diego, que tinha as olheiras mais evidentes no rosto.

Diego: Como estão com isso? Eu só consigo sentir culpa...

Brendan: Não parece real pra mim.

Wally: Eu sinto muito mesmo, não é a mesma coisa sem ele.

May: Carbink, minha mãe e tantas outras pessoas... Eu odeio esse dia.

Leuri: Estamos salvos, Stone morreu, mas levou com ele várias vidas. E tudo que sobrou do Carbink foi... — ela ergue um diamante azulado que havia se desprendido do corpo de Carbink, voltando a chorar.

   Em Sootopolis, as ruínas do confronto eram visíveis, e alguns dos Pokemon lendários continuavam ali, sendo estes os irmãos Latios e Latias, Zygarde e Rayquaza. As pessoas começavam a trabalhar na reconstrução da cidade, sendo liderados por Wallace.

Lisia: Irmão, você está mesmo disposto para isso? Todos estamos de luto, e eu sei que Steven foi... — tentava falar com Wallace, que a ignorava encarando um mapa. O Metagross de Steven estava ao seu lado, entristecido.

Wallace: Sootopolis ainda é meu dever, tenho que cuidar das pessoas daqui. Eu posso chorar por isso depois, não estou bem, mas vou ficar em algum momento. Ainda tive a chance de falar com ele pela última vez, não me arrependo de nada — explicou, sem olhar no rosto de Lisia, dando as costas para ela e seguindo para perto de Latios, que trazia materiais em suas costas.

Kátia: Eu queria ter feito mais... — falava com Steve, passando uma pedra para ele, que logo passaria para Dragonite e assim por diante — Não consigo acreditar que tudo isso aconteceu depois do Baile de Hoenn.

    No céu, Rayquaza tinha a forma mais poderosa de Deoxys cristalizada num diamante, flutuando ao seu lado. Sentia Kátia angustiada, e ela o olha como se fosse chamada, sorrindo para ele.

Kátia: Você deve voltar, Rayquaza. Somos todos gratos por ter destruído o meteoro e ajudado a combater Deoxys, não se preocupe — falou alto para o dragão, que pareceu suspirar e voar para dentro das nuvens. Porém, deixa uma escama cair de propósito para Kátia, que a pega — Obrigada, nunca irei esquecê-lo!

~Chipah!

~Dragoo...!

   Os Pokemon de Kátia também acenavam, agradecendo por tudo. Unown e Dragonite piscam um para o outro, satisfeitos por terem conseguido ajudar Rayquaza a chegar até essa realidade.

   Sentada, Delphox aguardava junto de seus outros companheiros Pokemon, além de Mable e Lindona. Estavam observando Clyde se despedir de Joseph, um dos experimentos de Stone que deixou de existir.

Clyde: E ele nunca nos contou... — segurava uma flor alaranjada, sentindo seus cabelos balançarem. Encarava o mar de Sootopolis, de joelhos — Obrigado por me relembrar que sou capaz de ter sentimentos.

Lindona: Chega, não aguento vê-lo assim — reclamou, e Mable notou o rímel dela estar borrado.

Mable: Bonnie... Está chorando? — perguntou, e Lindona cruzou os braços, virando-se de costas — Tudo bem, isso é muito... humano, da sua parte!

Lindona: Não fale como se eu fosse um monstro... Eu só não gosto de chorar! Mas Clyde sempre foi alguém tão calmo, fiel, bom... Já é o segundo parceiro que ele precisou dizer adeus.

   Após suspirar, Clyde deixou sua flor na água, e esta logo foi levada. Manectric e Spoink correm para perto, o dando suporte, e ele força um sorriso.

   Colocando a cabeça para fora da água, uma criaturinha antes invisível ganha forma, da mesma cor das ondas. Clyde se surpreende ao vê-la o olhando, e então pega a flor, colocando em sua cabeça e mergulhando.

Clyde: Aquilo... — antes que pudesse falar mais algo, ele vê uma sombra aumentando na água, e se levanta com uma mão no coração.

~Phiii!

   Outra criaturinha parecida com a anterior salta da água para o colo de Clyde, o derrubando na areia e dando tapinhas em seu peito, como se demonstrasse felicidade por vê-lo.

Lindona: Que Pokemon é esse? — perguntou, não reconhecendo.

Macey: É um Phione! Quanta sorte! — surgiu entre Lindona e Mable, que se assustam e afastam-se delas — Nossa! De onde vocês vieram? Nem as vi por aqui!

Mable: M-Mas...

Clyde: Phione — repetiu, erguendo o Pokemon — Você é fofo!

Macey: Phione traz boa sorte, é o que dizem. Não sei quem diz isso, mas sei que dizem!

~Quack!

~Duckleee!

~Quaaaaack!

   Os três patos faziam fila à frente de Macey, que passa a imitá-los. Vigoroth os reconhece, avisando para Houndoom e Beedrill, que não se importam.

Macey: Será que tem algum Manaphy por aqui também? É muito parecido com o Phione, mas é conhecido como anjo do mar! Um espírito brincalhão que pode se conectar com qualquer um e descobrir sua verdadeira essência!

Clyde: Manaphy... — lembrou-se do Pokemon que pegou a flor, corando — Obrigado! — gritou para o mar, e Phione subiu para seu ombro. 

Macey: De nada — piscou para ele e mergulhou na água, deixando todos confusos.

Lindona: Se ela tiver morrido, eu não vou dizer que conheço! — levantou as mãos, mas logo Macey apareceu sendo carregada pelos três Ducklett, voando.

   No quintal de sua casa, Harley conversava com seus amigos de infância, Astra, Pedro, Marquinhos e Herb.

Harley: Certo, nos encontraremos lá! — acenou para eles, que logo afastaram-se em grupo.

~Cac...

Harley: Tudo bem, Cacdivo. Nós vamos vê-los de novo — abraçou o Pokemon, que recolheu seus espinhos para não machucá-lo. Porém, quando abre os olhos após o abraço, nota Laura parada em seu quintal — Querida, estou de luto, não venha aparecer aqui ou eu mudo pra luta e acabo com você!

Laura: Segura sua onda, colorido, eu não vim falar com você — cruzou os braços — Na verdade...

   Logo Serena, Jack, Spencer e Yuri foram avistados por Harley, confuso por estarem em grupo com Laura.

Spencer: Estamos todos tristes pelo que aconteceu, principalmente com o Carbink — abaixou a cabeça, entristecido.

Serena: Nós viemos ver a Leuri e os outros, não deve ser nada fácil...

Jack: Pois é, o Carbink era tipo... — todos o olharam, o embaraçando — Tipo, o Carbink! Entendeu?

Serena: Você tentou — deu um tapinha no ombro de Jack.

Yuri: Eu nem conheci ele, mas me sinto triste. Se era alguém importante assim para vocês, com certeza não era má pessoa.

Harley: Ele era um Pokemon pra começo de conversa — respondeu — Mas entrem, minha casa tá perfeitamente estável porque somos protegidos pela deusa do rebolado.

Serena: Quem é ela?

Harley: Minha mãe, aquela ali — apontou para um armário de chapéu, que tomava banho de sol no quintal — Me sigam!

Serena: Leuri... — ela adentrava o quarto onde Leuri estava com os outros, a vendo chorando.

   Levantando-se de imediato, Leuri corre até sua amiga, a abraçando, ainda chorando. Emocionada, Serena corresponde, pensando em tudo que passou ao lado de Carbink também, tendo acompanhado seu desenvolvimento desde Kalos.

Serena: Eu tenho tanto orgulho da pessoa que você se tornou, Leuri... Sinto muito por tudo que aconteceu.

Leuri: Eu não sei, Serena... Você sempre diz que a minha jornada é mais incrível que a sua — disse, e a menina corou — Mas eu não acho isso... Eu nunca quero sentir nada do que estou sentindo agora novamente.

Harley: Pode falar o que você sente, mana — se juntou ao abraço.

Leuri: Vazio, Harley. Eu só queria vê-lo de novo! — apertou os ombros de Serena.

Laura: Leuri — chamou, e Leuri se afastou de Serena e Harley, enxugando o rosto.

Leuri: Ótimo, vai debochar disso! Anda, fala logo, não me importo!

Laura: Não! Me escuta, ridí... Leuri! — corrigiu-se — Eu realmente não me entendo as vezes, não sei porque fiz aquilo com o Diego... — dessa vez não olhou para o menino, mas sim para Leuri — Nunca cheguei a pedir desculpas para vocês. Não era eu, ou era, mas... Parece que depois do Baile, tudo perdeu o sentido para mim.

Diego: Você se sente mais leve? — perguntou, e Laura assentiu.

Laura: Como se...

Wally: Voltasse ao normal — complementou, e todos o olharam — Eu também senti isso, não depois do Baile, mas quando Leuri e Diego voltaram no Zygarde.

Leuri: Foi quando destruímos o livro e acabamos com a maldição... Talvez ela tenha te usado para provocar algo negativo entre Diego e eu, faz todo o sentido, logo em seguida Xerneas e Yveltal entraram em confronto no vulcão na época! 

May: Então a maldição afetou pessoas ao redor...

Leuri: Também foi por isso que terminei com você, Wally — falou, e todos levaram as mãos até a boca por ela ter tocado nesse assunto — Eu sei que não olha na minha cara desde o Baile, como você prometeu, mas eu decidi terminar para que o protegesse. Não queria que a maldição acabasse te deixando muito mal ou... algo pior.

Wally: Eu entendo agora, queria que tivesse falado antes, mas... Tudo bem. Não posso fingir que não estou chateado mesmo assim, não acho que daríamos certo novamente, mas ainda somos rivais. Vou superá-la na Liga Hoenn, em Pacifidlog, e pretendo ir para lá amanhã, para treinar.

Leuri: Me desculpe Wally, não queria ter terminado assim — pediu, curvando-se, mas ele ri.

Wally: Somos jovens, Leuri, vamos superar isso — apertou a mão da garota. Diego, observando a cena, sorria, e Brendan sente-se feliz por todos.

~Buaaaaaaaaaaaaaaaaa!!

   Um choro agudo é escutado do lado de fora da casa, e todos se assustam com isso. Brendan logo reconhece, pegando sua touca e a vestindo para sair.

Brendan: É a Lala! — exclamou, correndo para fora da casa, acompanhado por todos os outros.

   No quintal, todos os Pokemon de Brendan estavam presentes, acompanhados por Duskull, que foi buscá-los no Sky Pillar. Haviam vivido uma aventura para chegar até ali, e Brendan esteve ansioso todo esse tempo, preocupado com eles.

Brendan: Vocês!!! — correu na direção deles com lágrimas nos olhos, mas tropeça e rola até a bocarra de Scarlet, que arrota — Perfect... Que saudades!!

~Duskull!

Brendan: Obrigado mesmo, Duskull! Você é o melhor! — abraçou o fantasma, deixando Spencer orgulhoso por ele ter se conectado tanto com o Pokemon que conseguia tocá-lo.

Caroline: Brendan, quem é essa pequena aqui? — perguntou, e Brendan também a percebe ali, com Salamence ao lado e a Whismur em seus pés.

~Mur mur...

Brendan: Oh... Ela acabou de perder sua Treinadora, assim como Salamence. Gostou da Aster? — perguntou, e Caroline, que acariciava a cabeça da Pokemon, parou.

Caroline: Aster...?

Brendan: É o nome que Zinnia deu a ela!

Caroline: Aster, como sua irmã... — enxugou uma lágrima, pegando a Whismur no colo — Posso ficar com ela?

Brendan: Heeeh?! Você quer um Pokemon?! — assustado, ele vê Aster parecer gostar da ideia — Beeeem... Só se você ficar com o Salamence também!

Caroline: Huh? 

~Gwar!

Caroline: Oi... — tímida, cumprimentou o dragão, que a lambeu.

Leuri: Ao menos temos novos começos... — ela sentiu a mão de Diego em seu ombro.

Diego: Eu acho que nem consigo mais chorar, Leuri. Por um lado estou feliz de estarmos livres, mas... Você sabe.

Leuri: O que vamos fazer agora? Eu nem me sinto confiante para ir pra Liga depois de tudo que ouvi do Livro — falava, vendo Brendan dar a notícia de Carbink aos outros Pokemon, com May ao seu lado.

Diego: Nada que fez foi em vão, mesmo assim... Mas treine o máximo que conseguir, todos precisamos seguir uma hora ou outra, e tenho certeza que se Carbink estivesse aqui, ele iria te dar algum sermão fofo e convincente — pela primeira vez, Leuri sorriu.

    No céu, Swellow voava com Winona, sendo seguida por Hoopa. Estavam ajudando a mapear os danos da cidade vista de cima, embora alguns moradores tenham gostado do novo estilo e estética de cidade arruinada. Porém, caminhando entre os moradores, Xerneas, Zygarde e Yveltal conversavam, mas todos estavam acostumados já em vê-los.

   Como se nada tivesse acontecido, aproximavam-se da casa de Harley. Diego nota Furfrou e seus outros Pokemon, no meio deles, também batendo papo.

Harley: Que rolê esquisito, gente...

Leuri: Por favor não venham me procurar, por favor não venham me procurar... — torcia, vendo sua Fairy Aura ativando.

Xerneas: Leuri! — sua voz soou na mente de todos, por telepatia, e Leuri revirou os olhos — Furfrou estava nos contando sobre o Carbink e como ele é especial.

~Couf!

Yveltal: A hora dele não havia chegado ainda, mas mudou a história para salvar todos nós...

Zygarde: Infelizmente não podemos fazer nada por ele.

Leuri: Nossa, obrigada pela ajuda — respondeu, cruzando os braços.

Xerneas: Mas tem algo que você pode fazer — chamou a atenção dela — Você disse ter trazido um Pokemon de Alola, da realidade dos meus sonhos, para esse mundo, não é? Isso me faz acreditar que também compartilha comigo o dom de conceder a vida.

Jack: Acho que isso é verdade... Eu não quis comentar, mas quando estávamos no Sea Mauville e tudo desabou em mim, o que me salvou foi uma névoa rosa, como a que você sempre diz — falou para Leuri, que parou pra pensar sobre isso.

Leuri: Eu dei vida ao Lily e ao Jack... EU DEI VIDA AO LILY E AO JACK! — gritou, agora entendendo o que falou.

Zygarde: Você tem o poder, Leuri, só precisa o fazer, se for o que realmente desejarem — disse, e Leuri encarou suas próprias mãos.

Leuri: Eu posso restaurá-lo a partir do diamante que restou... — percebeu, pegando o diamante de sua bolsa.

Brendan: O que estamos esperando? Vamos tentar!

May: Será que... — segurando uma foto de sua mãe, ela pensa que poderiam trazê-la também, mas se cala.

Diego: Se vamos trazer o Carbink, é melhor que estejamos todos juntos. E eu digo todos mesmo! — exclamou, e Leuri afirmou, liberando Talonflame e montando nas costas dele.

   Em minutos, Leuri voltava com Hoopa no colo, ainda montada em Talonflame. Ela havia o explicado de que precisava trazer Korrina e Lucario por um portal de anel, para que presenciassem o retorno de Carbink.

Hoopa: Aye! Hoopa traz sim! — balançou seus braços, desprendendo dois anéis. Harley e Leuri os adentram, e logo voltam com Korrina e Lucario, ambos chorosos.

Korrina: Eu ainda não consigo acreditar... — segurava na mão de Lucario, que usava a outra para enxugar o rosto — Espero que isso dê certo...

Yveltal: Argh... — resmungou, chamando atenção — Como vocês chamam mesmo... Reflection Cave? Acho que é. Enfim, sabem que aquela caverna me pertence, e tenho total controle dela. Diancie está tentando se comunicar, ela quer vê-los.

Diego: Mas Diancie expulsou o Carbink do reino dela só por ele ser diferente! Não acho que deveríamos ir.

Leuri: Nós vamos, ela pode ajudar. Não esqueça que a mutação de Carbink o levou até a forma de Diancie!

Yveltal: Vou levá-los até a caverna, subam nas minhas costas — pediu, abaixando uma de suas asas. Todos notam suas veias escuras pulsando, receosos — Vamos, não vou matar ninguém!

Diego: Ele não vai mesmo — sorriu para Yveltal, sendo o primeiro a subir e logo puxando Leuri.

Spencer: Vou ficar e preparar algo receptivo para quando Carbink voltar — disse, e mais pessoas se juntaram a ele, como a mãe de Brendan.

Caroline: Eu sei fazer um bom bolo...

Yuri: Eu também! — recebeu um olhar mortal de Caroline.

Jack: E se não der certo? — perguntou, e Serena o bateu com o cotovelo — Ai!

Laura: Vai dar sim, garoto!

   Harley já rebolava nas costas de Yveltal, e Brendan despedia-se de seus Pokemon, prometendo voltar logo. May recebe ajuda de Wally para subir e Furfrou também decide ir, assim como Talonflame. 

Diego: Huh? — viu Furfrou aproximando-se, saltando para suas pernas — Você... Quer voltar?

~Couf! — lambeu o rosto de Diego, que a abraçou com força.

Hoopa: Hoopa deseja boa sorte! — pediu, assim que Korrina e Lucario subiram em Yveltal.

   Em poucos segundos, viram Yveltal levantar voo para o céu. Xerneas e Zygarde colam seus corpos, preocupados, mas confiando no irmão. De cada pessoa que conhecia Carbink, pontos luminosos saíam de seus corpos, seguindo Yveltal pelo céu. 

Kátia: Oh... Eles estão indo — juntou as mãos, fechando os olhos e enviando suas energias positivas. Steve e os Pokemon também a imitam.

   O reino de Diancie era oculto dentro da Reflection Cave. O caminho para ele só podia ser acessado caso houvesse a permissão de Diancie, e Yveltal agora o adentrava, saindo por um espelho com todas as pessoas nas costas.

   Diversos Carbink idênticos, os considerados perfeitos para o reino, recebiam Yveltal e o restante, parecendo felizes por estarem ali. Alguns traziam folhas cristalizadas com frutas em cima, caso estivessem com fome.

Brendan: Harley! — puxou Harley, que já guardava várias frutas em seus bolsos.

Korrina: Quanto tempo que não piso aqui... — via os diamantes brilhando, com Lucario ainda de cabeça baixa.

Leuri: Aonde está a Diancie? — perguntou, e os Carbink começam a cochichar entre si.

Yveltal: No rio da caverna — entendeu, e todos os Carbink encolheram-se.

   Encarando seu reflexo na água do rio que cortava a caverna, Diancie estava entristecida. Havia um grande diamante levitando acima da água, rosa como ela, mas seu brilho era fraco.

Wally: Lá está — apontou para Diancie, que finalmente os percebeu no reino.

Diancie: Vocês vieram mesmo... — virou-se para todos.

Leuri: É bom que você tenha algo relevante pra falar, estamos tentando trazer o Carbink de volta!

Diancie: Eu sei — moveu suas mãos lentamente, e o diamante rosa se acendeu, refletindo a bolsa de Leuri por dentro — O diamante que ficava no topo da cabeça de Merrick representa a ligação dele com o meu reino. Nunca deixei de olhá-lo, por mais que tivesse o expulsado.

Diego: Isso não faz sentido... Você não o quis mais aqui!

Diancie: Merrick foi o único Carbink que voltou depois dos humanos o pegarem daqui, e sofreu nas mãos deles, mas encontrou um grupo bom — Korrina, Diego e Leuri se olharam — Como eu poderia aceitá-lo de volta? Ele foi muito mais feliz viajando com vocês do que sendo um servo no reino.

Korrina: Oh, Carbink... — levou as mãos até o rosto, chorando.

Diancie: Você tem o poder de dar a vida, mas creio que só vá funcionar com Carbink se ele estiver no berço dele — anunciou, e um cristal cinzento levitou para sua frente.

Brendan: É assim que os Carbink nascem?! — perguntou-se, vendo diamantes repousados no berço.

Leuri: Eu quero que Carbink volte, mais do que tudo. Ele não merecia nada disso — repousou o diamante no berço, o vendo se acender. Seus olhos brilham com a cena.

Diego: Você fez de tudo por nós até o último segundo, vamos retribuir agora, Carbink — deu uma mão para Leuri, logo segurando na de Brendan também.

Brendan: Você é nosso melhor amigo, Carbink, eu quero que volte a estar conosco — fechou os olhos, mas segurou na mão de Korrina.

Korrina: Eu nem sei o que dizer, foi tão rápido, eu vi o meteoro no céu e depois me ligaram para contar... E-Eu só quero vê-lo de novo, feliz! — gritou, apertando a mão de Lucario.

~Lucawr!!!

   Em lágrimas, Lucario segurou na mão de Harley, que fez o mesmo com May, e esta imita com Wally. Furfrou, Talonflame e Yveltal também aproximam-se, todos fechando os olhos. 

Diancie: Carbink Merrick, volte por favor — em lágrimas, Diancie desejava se desculpar com Carbink, e Leuri segura em sua mão também, com Wally pegando a outra, fechando um círculo ao redor do berço. 

   A Fairy Aura de Leuri e Diancie misturavam-se no berço, e o diamante começava a acender. Todos desejavam a volta de Carbink, não só os presentes na caverna, mas também aqueles que o conheciam e amavam, em Kalos, em Hoenn, no reino e aonde quer que fossem.

CARBINK!!!

   A voz de todos ecoou pela caverna, e cada diamante que a compunha se acendia. O cristal cinzento ganhou cores, e Diancie abriu os olhos, surpresa. Leuri já chorava, não sabendo como usaria seus poderes, mas seu desejo mais sincero era de ter o amigo de volta.

   Chocada, Diancie vê o diamante de Carbink levitar do berço, assumindo forma. O corpo de rochas e cristais começava a se compor, mas na forma e tamanho de um Carbink normal, até que um coração arroxeado o carimba, e ele encolhe. Pelos se prolongam por cima e orelhas crescem.

May: Eu... — percebendo que a aura de Leuri podia trazer sua mãe de volta caso ela pensasse nela, May cogita pegar a foto de Mayara, mas suspira e continua focando em Carbink, desistindo e derramando uma lágrima.

   Várias memórias eram projetadas ao redor do corpo que se formava, desaparecendo em instantes. Diego, vendo aquilo, abre os olhos e sente lágrimas normais caindo, surpreso por estar chorando de novo, pois achava que não conseguiria fazer isso.

Carbink: Aaaah! — tendo sua forma completa, Carbink cai para o chão, gritando.

    Caindo de joelhos, Leuri foca sua visão em Carbink, percebendo que ele havia mesmo voltado. Lágrimas voltam a cair de seus olhos, e ela sorri, levando as mãos até a boca.

   Brendan e Diego, surpresos e felizes, correm até a pedra, já a levantando para um abraço. Leuri se junta, emotiva.

   Abraçando Lucario antes para comemorar, Korrina e ele também se juntam com os outros, e Harley, Wally, May, Furfrou e Talonflame comemoram ao redor.

Yveltal: Heh! — sorridente, ele vê os Carbink do reino o olhando, e então todos saltam para cima de seu corpo — Aaah!!

Carbink: Chega! — gritou, se espremendo para sair do abraço — Estão doidos, humanos?!

Leuri: Como assim, Carbink?!

Carbink: Então é assim que vocês levam os outros Carbink do reino, não é? Pois eu não vou! Princesa Diancie está aqui para me proteger! — exclamou, saltitando para perto de Diancie.

Korrina: Carbink, você não se lembra de nós?! — perguntou, e Carbink continuou escondido.

Diego: Somos seus amigos!

Carbink: Espera, vocês entendem o que eu falo? — confuso, todos logo entendiam o que houve.

Brendan: Carbink está sem... memórias.

Diancie: Você foi pego por humanos ruins que modificaram seu corpo, Merrick — explicou para Carbink, que abaixou as orelhas, recebendo um rápido abraço de Diancie — É uma aberração esquisita, não pode viver no reino, ou todos serão assustados com sua imperfeição em diamante.

Carbink: O que está dizendo?! Eu não posso mais morar aqui?!

Diancie: Você deve ir com esses humanos, eles nunca irão te fazer mal. Seja você mesmo, seja único, trace seu próprio caminho — suas palavras eram confusas para Carbink, e ela segurava-se para não chorar. Todos entendiam a razão daquilo, e Diancie mantinha-se firme.

~Couf!

~Lucaa!

~Talon!

   Os Pokemon aproximavam-se de Carbink, apresentando-se para ele e o convidando a se juntar aos humanos. 

Korrina: Eu acho que você precisa fazer isso, Diego — disse para o garoto, o empurrando pelas costas.

Diego: Carbink — engoliu seco, abaixando na frente da pedra, que recuou — Você não se lembra de nada do que passamos juntos, mas eu sim. Quando eu te conheci, fiz de tudo para que confiasse em mim e me deixasse ajudá-lo... Então eu te dou a escolha mais uma vez, quer vir conosco?

Carbink: Ir com vocês? — olhou para o grupo.

Diego: Aquela de rosa é a Leuri, vocês sempre faziam loucuras juntos... O de touca é o Brendan, vocês eram melhores amigos e sempre se entendiam. Korrina e Lucario são fortes juntos, mas a relação deles com você é muito especial.

Harley: E eu sou o Harley, fofucho! Te ensinei a rebolar uma vez e posso fazer de novo!

May: Sou a May, sempre fomos bons amigos também!

Wally: Você sempre me incluía nas atividades... Valorizo isso, é um prazer conhecê-lo novamente!

Carbink: Eu não entendo muito bem... Mas você foi o primeiro humano a ser gentil comigo — sua fala emociona Diego, tendo sido a mesma de quando ele o capturou, em Kalos — Acho que está tudo bem conhecê-los...

Diego: Isso significa muito pra mim — sorriu, pegando Carbink no colo.

Carbink: Não me abraça, não tenho mãos pra retribuir e vou ficar triste com isso! — alertou, e todos riram.

   Deixando o reino, todos iam com Yveltal mais uma vez. Diancie volta a olhar o diamante, assistindo Carbink conhecendo os amigos e derramando uma lágrima com isso.

Macey: Surpresa!! — gritou, abrindo a porta da casa de Harley no mesmo momento que Leuri ia fazer isso, e Carbink a atacou com medo, mas ela se abaixou e Jack foi atingido.

   Xerneas e Zygarde usavam vários chapéis de festa, também aguardando Carbink. Porém, com a situação explicada, pararam de comemorar para não assustá-lo, embora ele tivesse devorado o bolo sozinho.

   Enquanto Carbink começava a se divertir com as pessoas, Leuri se aproximava de Diego, no quintal da casa.

Diego: Ele está tão fofo e descontraído, não consigo contar sobre Coalossal e tudo que aconteceu... Mas vamos precisar, ao menos sobre o Stone — disse, e Leuri confirmou, sentando-se com ele na grama e olhando para o céu — Não queríamos nada disso, claro, mas me sinto no dever de trazer as memórias dele de volta, de algum jeito...

Leuri: Não sei, Diego, acho que não vai fazer bem pra ele saber exatamente de tudo. Quero que Carbink fique bem — o menino assentiu, suspirando.

Diego: Espera, olha ali! — apontou para Brendan, que caminhava pelo quintal, tendo saído pelos fundos da casa. Eles o seguem e veem May sentada, com uma pá em mãos.

May: Mãe... Para Carbink, um novo começo foi ótimo, mas não seria bom você voltar. Eu tive a chance, sinto muito, mas pensei melhor e... Você merece paz, não se questionar sobre tudo o que aconteceu — falou, deixando a foto de sua mãe num buraco, e o cobrindo com terra. 

   Birch, o pai de May, estava ao seu lado, e Brendan logo se junta. Também haviam montinhos de terra, onde simbolicamente estavam descansando os outros que morreram durante todo o confronto, como Black.

Carbink: Hey, May — disse, e a menina se assustou ao vê-lo fora de casa — Maitê me contou algumas coisas que aconteceram e eu soube da sua mãe...

Brendan: Maitê é a Korrina — falou no ouvido de May.

Carbink: Sinto muito, também considero Diancie uma mãe, é difícil estar longe dela — sua fala fez May sorrir.

May: Muito, passei a vida toda longe da minha... Obrigada por entender, Carbink.

Carbink: Eu não sei o que é isso, mas me deram de presente — disse, chacolhando seu corpo e deixando uma barra de Pokeblocos cair no chão.

May: Carbink, isso são Pokeblocos... Pokemon comem isso, experimenta — falou, abrindo a barra e pegando um bloquinho.

Carbink: Hm... Deixa eu cheirar antes! — saltitou para a frente de May, mesmo não tendo nariz para cheirar, até que finalmente abocanha — Hm...?

Brendan: O que achou?

Carbink: Eu... Eu... EU AMEI!!! — gritou, com os olhos brilhando. May ri e pega mais bloquinhos para Carbink, que se joga em cima dela para comer.

Leuri: Awnt! — se aproximou com Diego, que encosta no ombro de May, demonstrando apoio.

Carbink: Sabem, eu estou feliz com as novidades, quero conhecer todos, principalmente os Pokeblocos! — exclamou, fazendo todos rirem mais uma vez, o que o divertia. Ele suspira e olha para a rua, vendo humanos e Pokemon trabalhando juntos para reconstruírem a cidade.

   Entre eles, um Rolycoly selvagem deslizava, parecendo feliz. Carbink para de mastigar nesse momento, e sente uma lágrima caindo de seus olhos, sem entender a razão disso.

"Felicidade, tristeza, raiva, amor... Alívio. Experimentei tudo isso nesses dias, e temos o Carbink de volta. Não quis aceitar que ele se foi, e Zygarde me disse que se realmente fosse o que desejávamos, estava tudo bem. Mãe, não sei ao certo o que vai acontecer. Xerneas, Yveltal e Zygarde decidiram cursar seus próprios caminhos agora, Wally partiu com Serena, Jack e Macey para treinarem para a Liga, e Brendan também precisa se preparar para o Grande Festival em uma semana e meia, lá em Ever Grande City. Estamos indo para lá também, com o Carbink, mas no momento só quero dormir abraçadinha com ele. Nunca mais vamos perdê-lo e faremos tudo certo dessa vez, afinal, somos bons amigos. Boa noite, mãe!"

   Grace terminava de ler a carta de Leuri, com Sycamore e os Pokemon da casa ao seu lado. Estava orgulhosa da filha ter amadurecido tanto, e também feliz por Carbink. Todos cresceram com a jornada em Hoenn, sem exceções, e os momentos finais se aproximam, com o Grande Festival e a Liga Pokemon vindo à tona.

Continua