domingo, 12 de abril de 2020

Harley as a kid #4

    Nos bastidores do Contest de Slateport, Harley havia amarrado o Presidente do Clube de Fãs de Pokemon da cidade numa cadeira enquanto o fazia uma apresentação de slides sobre Sootopolis.


Harley: Quer que eu continue, fofucho?


Presidente: Harley, por favor, estou quase chorando...

 Harley: Não chora não, tem muito mais ainda!


[Sootopolis - oito anos no passado]


Balança esse corpinho! Vamos, molenga, é pra se aquecer!


Harley: Calma, eu não sou tão flexível!!  gritava. Harley segurava um controle de Wiilson, seu videogame falsificado onde jogava um jogo de ginástica.  Como consegue, Astra? Está ganhando todos os pontos do jogo!


Astra: Você sabe que eu nem estou jogando, não é?  perguntou, cutucando Harley, que havia amarrado o outro controle na perna dela.


Marquinhos: Harley, eu posso jogar no lugar da Astra?  perguntou, empolgado.

Harley: Claro que não, Marquinhos! Fica aí sentadinho que você ganha mais  respondeu, tentando se alongar e sentindo algo quebrar em suas costas.


Descansar é para os fracos, vamos, se alongue! Ainda nem começamos!

Harley: Ain...

Astra: Tenho que passar em casa, estou indo  disse, deixando o controle do Wiilson no sofá onde Marquinhos estava. Ela saiu da casa, mas ninguém escutou o barulho da porta se abrir ou fechar.

Marquinhos: Oba! Agora posso jogar!  exclamou, indo pegar o controle, mas Cacdivo o pegou primeiro, passando a se alongar.  Droga...

Harley: Ai, desisto!  disse, desligando o videogame.  Só sirvo pra rebolar mesmo!

Marquinhos: É...

Harley: Que foi, Marquinhos? Tá com fome?  perguntou, vendo o menino desanimado.  Não vou te dar minha comida não!

Marquinhos: Eu sinto que ninguém aqui gosta de mim, todos me tratam mal  falou, encarando o chão.

Harley: Porque é verdade, né? Anda, desce desse sofá, vamos fazer algo legal  disse, puxando Marquinhos, que aceitou ir.  Mãe! Tô indo com Marquinhos andar sem rumo!


Mãe do Harley: Meu filho, o que você disse?  perguntou de dentro do armário, mas não obteve resposta.  Leva a espingarda de caça!

~Cac...

    Olhando para os dois lados, Cacdivo correu até o controle do Wiilson, ligando o jogo e voltando a se exercitar.

Vamos, molenga! Força! Você não é um fracassado, alonga isso aí!

~Cacnea!

   Andando por Sootopolis, Harley e Marquinhos carregavam uma câmera para fotografar o que encontravam.




Harley: As fotos ficaram ótimas, né? 

Marquinhos: Queria ter tirado algumas também...

Harley: Que isso, Marquinhos? Tá querendo ser protagonista?  riu, andando na frente do garoto, que suspirou.  Tá, tá! Quer tirar foto? Toma, tira daqueles bichos ali!


    Caminhando por Sootopolis, um Pokemon extinto conhecido por Amaura estava com uma expressão um tanto diferente, acompanhado por outra criatura bizarra típica da cidade. Marquinhos pegou a câmera para tirar foto dela, animado, mas quando a foto foi impressa, ele percebe que saiu borrada.

Marquinhos: Não...

Harley: Linda, agora devolve  falou, tentando pegar a câmera, mas Marquinhos a segurou com força. — Marquinhos?

Marquinhos: Tô cansado disso! Quero ser tratado normalmente!

Harley: Credo, garoto! Te trato muito bem e ainda reclama!  falou, começando a lembrar de exemplos onde jogou uma migalha de seu lanche para ele comer, então parando pra pensar que não era bem assim.

Marquinhos: Os meninos do sul da cidade me chamaram para andar com eles... Eu vou aceitar. Adeus!  exclamou, entregando a câmera para Harley e correndo para longe.

Harley: Tadinho, Marquinhos tá achando que faz falta! Humph! Se Pedro estivesse aqui, ele ia zuar muito...

   Algum tempo depois, Harley estava no cemitério de Sootopolis, tomando chá num Polteageist com Astra.

Harley: Aí ele tá achando que a gente o trata mal! Pode isso, Astra?  perguntou, de braços cruzados.


Astra: Você o trata mesmo muito mal. Eu só o desprezo, assim como faço com todos.

Harley: Não é verdadel! Ele quer o quê? Massagem, um vestido e uma festa quinceañera?  perguntou, terminando seu chá.

Astra: Não, isso é o que você quer.

Harley: Tem razão  riu em seguida.  Mas não estamos falando de mim! O que me lembra, vamos falar sobre mim!

Astra: Como quiser.

Harley: Ai, Astra... Você me entende tão bem, é tão compreensiva!


~Gastly!

   Aproximando-se de Astra, o Gastly dela a lambeu e ela acariciou sua cabeça. Harley tentou encostar nele, mas sua mão o atravessou, o que ele preferiu ignorar.


    Flutuando ao lado de Gastly, um bicho de pelúcia super assustador e manchado por algo vermelho, assustou Harley, que ficou com os olhos esbugalhados, gritando ao vê-lo.

Harley: Astra, satanás veio buscar a gente!

Astra: Não seja grosso com a minha boneca
  falou, pegando a boneca e a dando um beijo. 


~Shuppet!

   Saindo de dentro da boneca, um outro fantasma assusta ainda mais Harley. Tratava-se de um Shuppet.

Harley: Astra, esses fantasmas me assustam surgindo assim do nada, lembram até minha vózinha...

Astra: Meus amigos fantasmas são bem tranquilos, nunca me deram um susto de verdade, mas adoram pregar peças.

~Shuuu!

   Mostrando a língua para Harley, Shuppet passou a provocá-lo. Harley tentou agarrá-lo, mas ele se esquivou e passou a brincar com Gastly.

Harley: Ei! Não me trate assim, seu feioso espectral!  reclamou, mas Shuppet apenas riu dele, o deixando emburrado.

Astra: Shuppet é fêmea  disse, calmamente.  Você não se esforça para conhecê-la, assim como não liga para ninguém. Está se sentindo triste por ser desprezado? Deve ser assim que Marquinhos se sente.



Harley: Astra, você tá certa! O Marquinhos se sente desprezado, então não pode se enturmar com os garotos do sul da cidade! Ele precisa que eu o despreze mais, ninguém é tão bom nisso quanto eu!  deduziu, olhando para Astra, que não esboçou reação.  Você é tudo, obrigada mana! Vem comigo também, Anna!

~Shup?

Harley: É o nome que eu te dei, vamos rebolar muito por aí a partir de agora, venha!  exclamou, correndo para fora do cemitério e sendo seguido por Anna, a Shuppet.

    No sul da cidade, Harley e Anna procuraram por Marquinhos. Dirigiam uma moto que encontraram sem ninguém em cima, até que finalmente o acharam e a descartaram, jogando-a num buraco com fogo e caveiras.


Jade-son: Você vem com a gente amanhã, não é? Vamos procurar mais Pokemon selvagens!

João Pau: É bom que tenha largado aquele seu grupo de perdedores!

Catarino: Não era para ter perdido tanto tempo com eles, mas agora você tem a gente!

Marquinhos: Claro!  exclamou e despediu-se dos garotos. Assim que se virou de costas, esbarrou com Harley.  AAAH! Que susto! O que está fazendo aqui?!

Harley: Não é óbvio? Pensei que você sentiria falta do meu desprezo, então estou aqui, para desprezá-lo! Vamos, Marquinhos, pra minha casa me ver tomando sorvete!

   Segurando na mão de Marquinhos, Harley tentou puxá-lo, mas ele fez força para ficar parado.

Harley: Anda, mona!

Marquinhos: Harley, eu já disse que não quero, não me sinto bem com vocês  disse, cerrando os punhos.  Você acha que pode tratar todos como quer e fazer o que bem entende, mas não é assim! Todos somos pessoas! Pare de pensar só em si mesmo!

Harley: Marquinhos, o que aqueles garotos fizeram com você?! Não estou te entendendo, eu andei até aqui para desprezá-lo e você não quer?

Marquinhos: Isso não faz nenhum sentido, Harley!  gritou, pisando forte no chão. Harley se assustou, nunca havia o visto assim.  Eu cansei... Não me sinto bem com você e nem com aqueles garotos, eles não são como eu. 

Harley: Então o que você vai fazer? Ficar sozinho?  perguntou, também cerrando os punhos.  Não seja você, digo, não seja burro! Deveria pensar em mim, quando eu faço isso sempre fico melhor!

Marquinhos: Eu vou atrás de um lugar onde me sinta parte  concluiu, encostando no ombro direito de Harley, que ficou sem reação.  Até algum dia.

Harley: Então te vejo amanhã, na minha casa, não é? A Astra vai estar lá  falou, vendo Marquinhos andando para longe, sem o olhar ou responder.

    No outro dia, Harley havia esperado Marquinhos, mesmo que não admitisse estar nervoso sem saber se ele viria ou não. Nem Astra havia chegado, até que ouviu batidas na porta.


Lisia: Estou indo!  exclamou, correndo até a porta.

    Harley levantou-se, percebendo que tratava-se de Astra, acompanhada por dois adultos que conversavam com Lisia. A menina adentrou a casa, caminhando até Harley.

Astra: Você sabe do Marquinhos?

Harley: Como assim, garota? Marquinhos virou paquita da Xoxa?  perguntou, levando as mãos até a boca.


Astra: Não, por mais que eu goste de sofrimento, isso seria terrível de uma forma ruim  falou, o que Harley concordou.  Marquinhos fugiu de casa. Ele simplesmente desapareceu de noite e deixou uma carta pedindo para não se preocuparem, mesmo sabendo que não vão.

Harley: Ele fugiu?!  apavorado, Harley olhou para a porta, vendo Lisia segurando nas mãos de um dos adultos.  São os pais dele?

Astra: São, me perguntaram se o vi no caminho... Falaram que ele tinha que lavar a louça, estão preocupados com a sujeira e não sabem usar detergente. De qualquer maneira, acho que Marquinhos fez o correto, foi atrás do que precisava.

Harley: Nossa...

   Naquela noite, Harley não conseguiu dormir, mesmo sem entender o motivo. Sentia-se solitário e agora refletia sobre suas ações, mas isso machucava. Anna e Cacdivo dormiam ao seu lado, na mesma cama. Ele viu uma foto sua com Astra, Pedro, Herb e Marquinhos, sentindo falta do que nunca mais teria; todos juntos e felizes, apenas surtando junto da cidade.


Harley: E foi assim que nunca mais vi Marquinhos! Gostou?

Presidente: Nunca mais?! Ele nunca voltou para casa?  perguntou, preocupado.

Harley: Bem, depois desse dia, o encontrei esse ano como capanga da Team Magma... Cada um tem o que merece, né? Seja lá onde ele estiver, espero que tenha achado o que procurava. Me pergunto se fui tão ruim assim pra ele.

Presidente: Você ainda se pergunta isso?! Parece que não aprendeu nada!

Harley: Olha só, eu pediria desculpas se tivesse a chance, tah? Mas não sei mesmo como faria isso... Enfim, vou te contar uma última história!

Presidente: Você sempre diz isso...

Continua no último episódio da minissérie


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   Numa floresta, cercado por diversos Pokemon insetos, um homem tocava violão, de olhos fechados. Ali, sentia-se agradável e desejado, todos gostavam de sua música.


Marquinhos: Obrigado  disse para os Pokemon, que simularam palmas assim que ele terminou de tocar sua música.

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